CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673127
E-Poster – Vascular
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Tratamento endovascular de fístula arteriovenosa dural intracraniana com agente embolizante líquido, assistido por cateter balão via transvenosa

Carlos dos Reis Lisboa Neto
1   Hospital das Clínicas – FMUSP
,
Antonio de Matos Lima Neto
1   Hospital das Clínicas – FMUSP
,
Marcos Antonio Duarte Madeiro Filho
1   Hospital das Clínicas – FMUSP
,
Leonardo Zibetti Sganzerla
1   Hospital das Clínicas – FMUSP
,
Paulo Puglia-Jr
1   Hospital das Clínicas – FMUSP
,
José Guilherme Mendes Pereira Caldas
1   Hospital das Clínicas – FMUSP
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação do caso: Sexo masculino, 58 anos, relata zumbido pulsátil no ouvido esquerdo, iniciado há cerca de 2 anos, pior à noite, causando desconforto importante. Ressonância magnética mostrou dilatações venosas no entorno do seio sigmoide. Angiografia cerebral evidenciou fístula dural (FD) do seio transverso e sigmoide esquerdos, com nutrição a partir de múltiplos ramos durais originados do ramo mastoideo da artéria occiptal e do ramo petro-escamoso da artéria meníngea média, classificada como tipo IIa de Cognard. O tratamento endovascular foi realizado pela técnica de embolização via arterial, com agente líquido não adesivo a base de álcool vinil etileno, injetado no ramo mastoideo da artéria occipital, associado a uso de cateter balão 8x80 mm insuflado no seio receptor. O controle angiográfico mostrou obliteração completa da rede fistular, com preservação do seio venoso. Após o procedimento houve completa resolução do zumbido pulsátil.

Discussão: A terapia endovascular tornou-se o tratamento de escolha para fistulas arteriovenosas durais e tem melhorado ao longo dos anos, a partir da introdução de novas técnicas de tratamento com novos dispositivos. Mais recentemente, a estratégia de tratamento objetiva eliminar a patologia com a preservação do seio venoso coletor, quando esse é funcional. Essa técnica, além de evitar a oclusão de grandes seios, permite que o agente embolizante penetre na rede arterial que nutre as fístulas durais, durante a embolização via arterial, e consiste na colocação transitória de um balão no seio venoso afetado. Inicialmente era utilizado um balão desenvolvido para técnica de remodelamento na embolização de aneurismas. A introdução de cateter balão maior e complacente, compatível com dimetilsulfóxido, permitiu esse desenvolvimento. Este tratamento tem sido reportado em pequenas séries de casos, com altas taxas de oclusão e baixa taxa de complicações.

Comentários finais: A embolização de FD associa-se a resultados muito bons nos casos de drenagem para veias e seios que perderam a funcionalidade. No caso de grandes seios ainda funcionais, esses resultados eram mais modestos. A proteção do seio com balão transvenoso facilita a oclusão de conexões arteriovenosas anormais, aumentando o alcance do material embólico na rede fistular, permitindo tratamento completo mais freqüente, além de preservar a sua patência.