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DOI: 10.1055/s-0038-1673210
Tratamento endovascular de aneurisma cerebral roto tipo “blister” com implante de dispositivo redirecionador de fluxo: relato de caso
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Apresentação do caso: Paciente feminina, branca, 63 anos, com história de cefaléia súbita e rebaixamento do nível de consciência, sendo intubada e conduzida à unidade hospitalar. Admitida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sem sedação, sem abertura ocular, postura de descerebração bilateral, pupilas isocóricas e foto-reagentes, com rigidez de nuca. Submetida à tomografia computadorizada de crânio (TCC) que revelou hemorragia subaracnóide (HSA) difusa. Realizada angiografia cerebral diagnóstica que mostrou presença de aneurisma cerebral do tipo “blister” (ACB) na artéria carótida interna direita. Inicialmente, indicado tratamento endovascular (TE) com implante de dispositivo redirecionador de fluxo (DRF), mas devido à gravidade do quadro neurológico inicial da paciente, foi adotado conduta expectante e suspensão da sedação. Após 48 horas, paciente apresentou melhora neurológica importante, com abertura ocular ao chamado, com conversação confusa, obedecia comandos simples e com leve hemiparesia desproporcionada à esquerda. No 4° dia de íctus, paciente evolui com hidrocefalia em TCC de controle, sendo submetida à derivação ventricular externa para alívio da hipertensão intracraniana. Passado o período de vasoespasmo e com melhora neurológica significativa da paciente, foi iniciado preparo com dupla antiagregação 3 dias antes do TE. No 15° dia de íctus, foi submetida ao implante de DRF do tipo DERIVO, com sucesso. Paciente teve evolução neurológica favorável, recebendo alta após 26 dias de internação.
Discussão: Os ACB surgem, geralmente, na parede superior ou súpero-medial da artéria carótida interna supraclinóidea. São lesões de paredes finas e de base ampla, não sendo possível identificar um colo. São raros, contribuindo para menos de 2% de todos os casos de aneurismas cerebrais (AC), porém, são responsáveis por 2,2% de todas as HSA. Os DRF são ferramentas novas no tratamento de AC intracranianos, visto que redirecionam o fluxo sangüíneo do interior do aneurisma para promover estase e trombose tardia da porção sacular do aneurisma, reconstruído a parede arterial. Recentemente, os DRF têm sido aplicados para o tratamento de ACB rotos, geralmente com resultados positivos.
Comentários finais: Face à raridade e à dificuldade técnica de tratar esta entidade nosológica, independente do tratamento cirúrgico ou endovascular, devido ao seu comportamento frágil, permanece um desafio para o neurocirurgião tratar com segurança por qualquer modalidade terapêutica.