CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673182
E-Poster – Vascular
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Hematoma subdural em jovem cursando com crise parcial

Luciana Azambuja Al Alam
1   Universidade Católica de Pelotas
,
Fernando Antônio de Oliveira Costa
1   Universidade Católica de Pelotas
,
Othello Moreira Fabião Neto
1   Universidade Católica de Pelotas
,
Frederico de Lima Gibbon
1   Universidade Católica de Pelotas
,
Guilherme Gago da Silva
1   Universidade Católica de Pelotas
,
Otávio Garcia Martins
1   Universidade Católica de Pelotas
,
Pedro Henrique Almeida
1   Universidade Católica de Pelotas
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação do Caso: paciente masculino, 19 anos, previamente hígido, estudante, veio ao nosso serviço devido crises convulsivas parciais. Refere que há 2 semanas começou com “tremores” discretos e intermitentes em membro superior esquerdo, os quais duravam menos de um minuto. Ao exame neurológico, apresentava discreta paresia de membro superior esquerdo, evidenciado pelo teste do pronador positivo, tendo o restante do exame normal. Solicitou-se tomografia computadorizada (TC) de crânio que mostrou coleção subdural à direita. O paciente negava história de trauma e uso de medicações. Foi solicitado coagulograma e screening para coagulopatias, tendo resultados normais. Sendo assim, foi constatado que se tratava de um hematoma subdural crônico idiopático. Recebeu manejo clínico e, após 7 dias de observação recebeu alta ambulatorial.

Discussão: o hematoma subdural crônico (HSC) é uma das patologias mais frequentes nos serviços de neurocirurgia. Caracterizada como uma coleção encapsulada de sangue e produtos da coagulação sanguínea no espaço subdural, ocorre tipicamente em idosos e raramente em jovens. Em pacientes jovens sem história de traumatismo, abuso de álcool ou terapia anticoagulante, é importante realizar um screening para coagulopatias, buscando diagnósticos diferenciais. Entretanto, estima-se que mais de 25% dos pacientes com HSC tenham uma etiologia desconhecida. As manifestações clínicas têm início insidioso com dor de cabeça, tontura, comprometimento cognitivo, apatia, sonolência e, ocasionalmente, convulsões, podendo ocorrer como consequência HSC. Déficits globais são mais comuns do que os déficits focais após o HSC. Exames de imagem desempenham papel fundamental tanto no diagnóstico da lesão específica como na determinação do tratamento inicial adequado. A cirurgia é o tratamento de escolha na maioria das HSC, entretanto um tratamento conservador cuidadoso pode ser considerado se as condições neurológicas e físicas do paciente permitirem.

Comentários Finais: apesar de ser uma patologia comum na neurocirurgia, o caso se torna interessante por ter se manifestado em faixa etária menos frequente, sendo o principal sintoma a convulsão – sinal neurológico menos comum na doença. Pela ausência de trauma anterior, ingestão de bebidas alcóolicas ou anormalidades no screening de coagulopatias, caracteriza-se a origem idiopática, que é ainda menos comum devido aos comuns fatores de risco que podem estar associados e que no paciente estão ausentes.