CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673150
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Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Um raro caso de neuralgia do glossofaríngeo: relato de caso

Francisco Caubi Ferreira Filho
1   Hospital Geral de Fortaleza
2   Universidade Federal do Ceará
,
Eliane dos Santos Pereira
1   Hospital Geral de Fortaleza
2   Universidade Federal do Ceará
,
Euler Nicolau Sauaia Filho
1   Hospital Geral de Fortaleza
2   Universidade Federal do Ceará
,
Gerardo Cristino Filho
1   Hospital Geral de Fortaleza
2   Universidade Federal do Ceará
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: A neuralgia glossofaríngea é uma condição rara, sendo 100 vezes menos frequente que a neuralgia do trigêmeo. As dores paroxísticas se apresentam em queimação ou em pontadas. Podem ocorrer espontaneamente, mas são com frequência precipitados pela deglutição, pela fala ou pelo toque nas amígdalas ou na faringe posterior. As crises duram apenas alguns segundos, mas por vezes se estendem por vários minutos.

Objetivos: Apresentar uma condição clinica rara que pode necessitar de um tratamento neurocirúrgico para sua cura: descompressão microvascular.

Material e métodos: Paciente de 68 anos, sexo masculino, procedente de Tianguá-CE, iniciou quadro de forte dor no ângulo da mandíbula direita, no conduto auditivo externo direito associada à dor de forte intensidade quando deglutia, mastigava ou falava. A duração da dor era em média de 30 a 60 segundos, sendo que nas ultimas semanas verificou-se aumento da intensidade dolorosa, sendo então encaminhado para a Santa Casa de Misericórdia de Sobral.

Resultados: Iniciou-se tratamento com carbamazepina, mas não houve melhora significativa do quadro clínico, mesmo com dose máxima do antiepiléptico. A arteriografia cerebral evidenciou tortuosidade vascular importante da artéria cerebelar postero-inferior direita (PICA), caracterizando um conflito vasculo-nervoso entre a PICA direita e o nervo glossofaríngeo direito. Foi indicada a descompressão microvascular, por craniectomia retromastoidea direita, com liberação do glossofaríngeo direito e aposição de fragmento de músculo entre a artéria cerebelar postero-inferior direita e o glossofaríngeo direito. No pós-operatório imediato o paciente apresentava-se sem dor e sem alteração funcional do glossofaríngeo e vago direitos.

Conclusão: A neuralgia do glossofaríngeo, comparada à neuralgia do trigêmeo é uma entidade rara, pois sua freqüência representa somente 1% em relação às neuralgias trigeminais. Quando o tratamento medicamentoso não se mostra eficaz, deve-se optar pelo tratamento neurocirúrgico. Dentre as técnicas neurocirúrgicas, a descompressão microvascular consiste em uma modalidade de tratamento eficiente e efetiva e que apresenta poucas complicações.