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DOI: 10.1055/s-0038-1673133
Fístula dural extracraniana complexa em paciente vítima de agressão por mordedura humana: relato de caso
Publikationsverlauf
Publikationsdatum:
06. September 2018 (online)
Apresentação do Caso: Paciente masculino, 41 anos, usuário de drogas, vítima de agressão por mordedura humana em tumoração parieto-occipital não esclarecida de couro cabeludo. Admitido em ECG 14, desorientado, tumoração bilateral em couro cabeludo com mordedura à direita, evoluiu com choque hipovolêmico. Após estabilização hemodinâmica foi submetido a angiografia cerebral. Visualizada fístula dural gigante nutrida por artérias carótidas externas (ACE) bilaterais com drenagem profunda para seio transverso. Foi submetido a embolização por cateterização seletiva da fístula por ramos da ACE direita e esquerda e por punção direta da fístula em couro cabeludo com oclusão de aproximadamente 90%, sem complicações tromboembólicas. Realizado debridamento da lesão e antibioticoterapia por 4 semanas com boa evolução.
Discussão: Fístulas arteriovenosas durais (FAVDs) correspondem a 10–15% das malformações arteriovenosas intracranianas e são shunts entre vasos arteriais e capilares venosos. Qualquer vaso dural é uma fonte potencial de suprimento arterial, embora as artérias occipital e meningea sejam mais comumente envolvidas. A drenagem venosa ocorre através do seio dural ou outros canais venosos leptomeníngeos. Muitas FAVDs são lesões idiopáticas, adquiridas. Geralmente ocorrem por trombose venosa dural, devido a oclusão do seio venoso que leva a hipertensão e congestão venosa, e com isso é possível haver refluxo para as veias corticais. Assim, os vasos de comunicação arteriovenosa resultam do encontro de vasos de suprimento arterial (efeito depósito) com os de hipertensão venosa. A hipertensão venosa pode levar a drenagem retrógrada de vasos leptomeníngeos, podendo causar hemorragias ou isquemias. A apresentação clínica e evolução são variáveis. Alguns são assintomáticos ou oligossintomáticos, e descobrem a FAVD em exame de imagem ocasional. Sintomáticos podem apresentar hemorragia (15 a 34% dos casos) ou isquemias.
Comentários Finais: O caso exposto se trata de uma FAVD extracraniana de difícil acesso neurocirúrgico, com evolução inusitada na literatura. O presente relato visa compartilhar tal evolução de FAVD atípica assim como as imagens demonstradas da arteriografia. O paciente segue estável, sem conduta neurocirúrgica no momento.