CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673118
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Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

História natural de 27 casos de cavernomas: um seguimento de duas décadas no estado da Paraíba, Brasil

Bruna Lisboa do Vale
1   Universidade Federal da Paraíba
,
Steven Kleyton Herculano da Luz
1   Universidade Federal da Paraíba
,
Rafaela de Albuquerque Paulino
1   Universidade Federal da Paraíba
,
Moisés Dantas Cartaxo de Abreu Pereira
1   Universidade Federal da Paraíba
,
Maurus Marques de Almeida Holanda
1   Universidade Federal da Paraíba
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: Cavernomas são malformações vasculares de baixo fluxo que ocorrem no cérebro e, menos frequentemente, na medula espinal. São lesões raras e representam de 05 a 13% das malformações vasculares do sistema nervoso central. Na população geral, sua frequência foi calculada em 0,5%, a partir de séries baseadas em necropsias ou imagens de ressonância magnética (RM). Nota-se, com o advento da RM, importante aumento do número de cavernomas incidentais. Com isso, compreender a história natural dessa patologia torna-se fundamental para estabelecer a conduta mais adequada às suas diferentes apresentações.

Objetivo: Objetiva-se descrever os achados clínicos, epidemiológicos, topográficos, evolutivos e a conduta terapêutica de 27 pacientes diagnosticados com cavernoma no período de 1995 a 2015 e, com isso, avaliar a história natural da doença.

Método: Foi realizada análise retrospectiva das descrições clínicas, cirúrgicas e radiológicas contidas nos prontuários de pacientes diagnosticados, por RM, com malformação cavernosa que se submeteram ao tratamento clínico ou cirúrgico em vários hospitais de João Pessoa, Paraíba.

Resultados: As manifestações clínicas mais comuns foram crise convulsiva (33,33%) e cefaleia (29,63%); também foram encontrados déficit motor, alteração de nervo craniano, vertigem e coma. Não houve pacientes assintomáticos no momento do diagnóstico. Dos 27 pacientes, 11 foram submetidos à cirurgia por apresentarem manifestação clínica importante ou complicações. Revelou-se curso favorável do quadro, com a maioria dos pacientes não apresentando sintomas no seguimento. Houve um óbito. Quanto à localização, 16 cavernomas estavam no lobo frontal (42,11%), 08 no lobo temporal (21,05%), 03 no cerebelo (7,89%), 02 no lobo parietal (5,26%), 02 no mesencéfalo (5,26%), 01 na medula espinal (2,63%), 01 em núcleos da base (2,63%) e 01 no tálamo (2,63%). Lesões múltiplas ocorreram em três pacientes, sendo dois casos confirmados de cavernoma familiar. Quanto ao sexo, 11 casos (40,74%) pertenciam ao sexo masculino e 16 (59,26%) ao feminino.

Conclusão: Dos 27 pacientes acompanhados, 11 necessitaram de tratamento cirúrgico e apenas um óbito ocorreu, em função de hematoma subdural agudo. Crise convulsiva e cefaleia foram as queixas mais comuns, e a topografia mais comum foi o lobo frontal, semelhante ao descrito na literatura. Os cavernomas têm, de modo geral, evolução benigna. Indica-se tratamento cirúrgico na presença de sintomas importantes ou complicações.