CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672956
E-Poster – Pediatrics
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Caso raro de disrafismo oculto: não seria a neurulação juncional etapa da neurulação primária?

Tatiana Protzenko Cervante
1   Instituto Fernandes Figueira
,
Antônio Rosa Bellas
1   Instituto Fernandes Figueira
,
Clara Magalhães Paiva
1   Instituto Fernandes Figueira
,
José Francisco Manganelli Salomão
1   Instituto Fernandes Figueira
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação clínica: Paciente de 7 meses, apresentando bexiga neurogênica e estigma cutâneo em região lombossacra caracterizado por lesão plana, coberta por epitélio displásico e hipertricose. Ressonância magnética lombossacra evidenciando mieloesquise dorsal limitada, cone em posição baixa, diplomielia em L2 e defeito da neurulação juncional em L1. Paciente submetida a correção cirúrgica da mieloesquise dorsal limitada e exploração da diplomielia, sem intercorrências. O “defeito juncional” foi exposto durante procedimento cirúrgico, caracterizado por medula espinhal de aspecto normal, porém mais estreito.

Discussão: Neurulação primária e secundária são dois processos conhecidos na formação do neuroeixo em vertebrados. Na prática clínica, os defeitos do tubo neural geralmente são classificados em duas categorias: defeitos abertos com exposição neural e defeitos ocultos com estigmas cutâneos, determinados por falhas na neurulação primária; e defeitos ocultos sem estigmas cutâneos, determinados por falhas na neurulação secundária. Pang e colaboradores descreveram recentemente os defeitos de neurulação juncional, caracterizados por tubos neurais primário e secundário individualmente formados, porém com desconexão entre eles.

Considerações finais: Pang e colaboradores descreveram lesões semelhantes, em uma série de três casos e caracterizaram esta malformação como uma falha de desenvolvimento durante a crítica transição entre o final da neurulação primária e início da neurulação secundária, em um estágio chamado de Neurulação juncional. Inicialmente, estas lesões haviam sido classificadas como defeitos de neurulação secundária. A grande diferença entre os casos de Pang e colaboradores e o caso do presente estudo é que na série do autor citado nenhum paciente apresentava estigmas cutâneos, de onde podemos concluir que a neurulação primária aconteceu teoricamente de forma completa. Em nosso caso, a paciente apresentava estigma cutâneo com haste fibroneural, nos levando a acreditar que o defeito juncional apresentado teria se originado do final da neurulação primária. Em contrapartida, neurulação secundária foi poupada, uma vez que temos plena formação do cone medular e das peças sacrococcígeas.