Necrose de couro cabeludo com exposição óssea craniana por picada de aranha marrom – relato de caso e nota técnica de cirurgia

Apresentação de caso: Paciente de 2 anos, encontrado em sua residência com quadro de dor e agitação importante. O endereço de moradia se localizava em area de município vizinho periférico (Duque de Caxias) e em área favelizada, moradia precária, sem piso e com paredes provisórias, próximo à área recém devastada de floresta atlântica. Foi transferida para serviço de emergência e identificada lesão em região parietal esquerda, de rubor e dor intensa ao ser tocada. Evoluiu com pequeno ponto de necrose em 24 h e necrose extensa por todo o couro cabeludo (região parietal bilateral, temporal bilateral e occiptal) e 70% da região cervical em 72 h. Progrediu com quadro grave de septicemia, sendo transferido para hospital especializado pediátrico, contando com serviço de cirurgia plástica, neurocirurgia e terapia intensiva.

Discussão: O componente proteolítico e dermolítico da peçonha do aracnóideo apresentou efeito devastador em paciente pediátrico de baixo peso, principalmente em região muito vascularizada, como o couro cabeludo. A necrose secundária, apesar dos curativos cirúrgicos realizados pela Cirurgia Plástica, expôs boa parte da calvária, sem possibilidade de cobertura com rotação de retalho cutâneo. Houve necessidade de intervenção neurocirúrgica com drilagem da tábua externa diploica, promovendo a granulação necessaria para cobertura, por segunda intenção, de pele neoformada.

Comentários finais: Devido à invasão de população de baixa renda em áreas selváticas, ocorre o contato de crianças com animais peçonhentos. A solução neurocirúrgica encontrada apresentou-se como uma solução simples e eficaz para gravidade do caso. Foi realizada revisão da literatura.