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DOI: 10.1055/s-0038-1672942
Fatores de prognóstico em crianças menores de 5 anos vítimas de trauma cranioencefálico não acidental em Curitiba
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Introdução: O trauma cranioencefálico (TCE) não acidental é uma das principais causas de morbimortalidade em infantes, podendo comprometer de forma irreversível o desenvolvimento neuropsicomotor. Estudos recentes demonstram a gravidade dos casos e sequelas clínicas e psicossociais irreparáveis. A definição de fatores de prognóstico no trauma não acidental pode auxiliar na conduta clínica destas crianças.
Objetivo: Analisar o perfil clínico-epidemiológico de crianças inferiores a 5 anos com diagnóstico de TCE não acidental e identificar os fatores de prognóstico dos menores atendidos em Hospitais de Curitiba.
Metodologia: Após liberação pelo Comitê de Ética e Pesquisa, foi conduzido um estudo analítico, transversal e retrospectivo de crianças com idade inferior a 5 anos vítimas de TCE não acidental e atendidas em duas instituições de referência em Curitiba durante período de janeiro de 2010 a dezembro de 2017. Análise estatística descritiva dos dados obtidos (gênero, fraturas, óbitos, manejo cirúrgico e clínico) foram realizadas através do teste de Fisher. Um p < 0,05 foi considerado como relevância estatística.
Resultados: A amostra constituiu-se de 24 crianças. Houve uma média de idade em 1,9 anos e uma preponderância no sexo feminino. Queda de nível foi a causa relatada em 70% dos casos, seguido de acidentes de trânsito e agressão física, 16% e 3%, respectivamente. A escala de Coma de Glasgow pontuou média 11 na admissão. Afundamento de crânio, fraturas e lesões múltiplas foram identificadas em aproximadamente 70% dos casos. Intervenção cirúrgica correspondeu acima de 40% dos casos. O tempo de internamento foi de aproximadamente 10 dias. Total de 12% das crianças apresentavam-se dependentes de familiares para atividades básicas diárias no momento da alta e 12% foram a óbito.
Conclusão: O presente estudo demonstra a gravidade do quadro clínico de vítimas de TCE não acidental em menores de 5 anos. Verificou-se que a escala de coma de Glasgow na admissão, traumas recorrentes e múltiplas lesões intracranianas foram fatores preditivos de mau prognostico nesta população. Conforme o estudo, essas crianças apresentam TCE moderado-grave, necessitando de intervenção cirúrgica e monitorização estrita imediata, uma vez que mais que 10% evoluem para óbito. Portanto, verifica-se a necessidade de atendimento desses pacientes em centros de referência ao trauma grave, e de novos estudos visando ampliar o conhecimento, notificação e a prevenção da violência infantil.