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DOI: 10.1055/s-0038-1672602
Avaliação da incidência de descompressão cirúrgica inadequada nos pacientes com mielopatia ou radiculopatia cervical em um hospital terciário de Porto Alegre (RS)
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Objetivos: Os autores revisaram retrospectivamente os casos de mielopatia espondilótica cervical ou doença degenerativa crônica cervical sem mielopatia tratados cirurgicamente para estudar a incidência de descompressão cirúrgica inadequada e a necessidade de reoperação.
Métodos: Foram revisados, por meio de revisão de prontuário eletrônico, todos os pacientes operados no Hospital de Clínicas de Porto Alegre – RS, após uma primeira descompressão cirúrgica devido à mielopatia espondilótica cervical ou à doença degenerativa crônica cervical sem mielopatia entre abril de 2014 e janeiro de 2018. A descompressão cirúrgica inadequada foi definida como o declínio neurológico a partir da data da cirurgia, sendo a data limite o seguimento do paciente (1 a 48 meses) e, nos casos de mielopatia, a manutenção da compressão da medula espinhal na ressonância magnética pós-operatória, definida como < 1 mm de alteração na dimensão anteroposterior do canal se comparado a ressonância magnética pré-operatória. Ambos os critérios, se preenchidos, levaram à necessidade de reoperação.
Resultados: Dos 56 pacientes submetidos à descompressão cirúrgica, 38 realizaram a ressonância magnética pós-operatória. Destes, 9 pacientes não apresentaram descompressão radiológica, sendo definida como descompressão inadequada. Seis pacientes foram submetidos à nova descompressão cirúrgica devido ao declínio neurológico. Quatro pacientes apresentaram piora neurológica no pós-operatório imediato, 1 paciente após 18 meses e 1 paciente após 33 meses de pós-operatório. Os 4 pacientes com piora neurológica no pós-operatório imediato foram submetidos a abordagens posteriores, e os 2 pacientes com piora tardia foram submetidos a abordagens anteriores. Três pacientes optaram por não realizar nova cirurgia e mantiveram seguimento clínico. A taxa de descompressão cirúrgica inadequada por via anterior foi de 20,4%. Nenhum dos 12 pacientes submetidos a abordagens posteriores apresentou piora neurorradiológica no período de seguimento.
Conclusões: A incidência de descompressão cirúrgica inadequada foi maior que a esperada nesta revisão e diretamente associada as abordagens por via anterior. Não houve casos de descompressão cirúrgica inadequada nas abordagens posteriores. Sugerimos, conforme a literatura, a realização de ressonância magnética pós-operatória a fim de dar seguimento adequado e detecção precoce da descompressão cirúrgica inadequada, especialmente nas abordagens por via anterior.