CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672594
E-Poster – Spine
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Diagnóstico diferencial entre histiocitose e osteomielite crônica vertebral: relato de caso e discussão da literatura

Raphael Pereira Coutinho
1   IPSEMG
,
Fernando Jacobsen Barros
1   IPSEMG
,
Ricardo Augusto Delfino
1   IPSEMG
,
Wilson Faglioni Junior
1   IPSEMG
,
Marcelo Gomes de Almeida
1   IPSEMG
,
Beda Baros Barkokebas
1   IPSEMG
,
Fábio Santos Esteves Junior
1   IPSEMG
,
Francisco Patruz Ananias de Assis Pires
1   IPSEMG
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

V.A.C.C., feminino, 7 anos, iniciou com deformidade torácica óssea associada a quedas frequentes, lombalgia, perda de peso e alteração do hábito urinário. Realizada RM evidenciando lesão expansiva em T8 com fratura vertebral e compressão medular. Submetida em julho de 2016 a laminectomia descompressiva e artrodese. Anatomopatológico com processo inflamatório com granulomas e células multinuceladas. Recebeu alta após 36 dias com diagnóstico de histiocitose e melhora do déficit neurológico. Realizado ciclo de quimioterapia com vimblastina. Em 23/11/17, paciente retornou ao hospital com queixa de tumoração na cicatriz cirúrgica, dor e febre. Foi diagnosticado abcesso e osteomielite vertebral sendo realizado debridamento no dia 27/11/17 e iniciado antibioticoterapia venosa. Nova abordagem realizada em 19/12/18, sendo retirado material de artrodese devido a quadro persistente. Em janeiro de 18, apresentou redução aguda de força em membros inferiores devido ao aumento da angulação de fratura vertebral prévia com compressão medular. Realizada nova descompressão medular e artrodese. Paciente evoluiu com melhora progressiva, deambulando sem dificuldade. Imuno-histoquímica foi sugestiva de osteomielite crônica granulomatosa.

Discussão: A fratura patológica em crianças é de ocorrência rara e as patologias devem ser pesquisadas. Entre as diversas causas se destacam a histiocitose de células de Langerhans e a osteomielite crônica multifocal. A histiocitose de células de Langerhans é caracterizada por granulomas eosinofílicos ósseos. É mais comum em indivíduos do sexo masculino e, em particular, em crianças com menos de 5 anos de idade. A doença afeta caracteristicamente os corpos vertebrais, muitas vezes isoladamente, mas às vezes em múltiplos níveis, tipicamente poupando o disco vertebral. A osteomielite crônica multifocal recorrente é uma condição de etiologia indeterminada caracterizada por áreas de osteomielite estéril (não bacteriana). Representa apenas 3% e a coluna torácica é o local mais comum de fratura. Os exames de imagem são semelhantes, dificultando o diagnóstico diferencial entre as duas condições. A diferenciação anatomopatológica é baseada em imuno-histoquímica que diferem as duas condições.

Considerações finais: A osteomielite crônica multifocal é um quadro raro, mas de diagnóstico diferencial complexo com outras causas de fratura patológica vertebral na infância. A realização de imuno-histoquímica é fundamental para o diagnóstico diferencial e correto manejo do caso.