CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672583
E-Poster – Spine
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Shunt siringo-subaracnoide no manejo da siringomielia idiopática

Murillo Cunegatto Maçullo Braga
1   Unifeso
,
Ari Boulanger Scussel Junior
1   Unifeso
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação de caso: Mulher, 32 anos, sem comorbidades, queixava-se de tetraparesia progressiva e parestesia em luva em membros superiores (MMSS) nos últimos 2 meses. Ao exame apresentava tetraparesia espástica e sensibilidade reduzida em MMSS. À RM de coluna cervical apresentava formação cística intramedular compatível com siringomielia que se estendia de C4–C6, sem outras anormalidades. Por ser sintomática, optou-se pela abordagem cirúrgica. Feito acesso posterior aos níveis de C4, C5 e C6 com laminectomia e durotomia. Fizemos pequena mielotomia ao nível de C5, onde a siringe parecia mais delgada, com saída de liquor a partir da mielotomia e consequente afinamento da medula nesta região. Posicionamos a ponta distal de um cateter de derivação ventricular externa cortado no tamanho de aproximadamente 4 cm no interior da siringe e a outra extremidade no espaço subaracnóide realizando um shunt siringo-subaracnóide. Não apresentou intercorrências no pós-operatório e evoluiu com melhora completa dos déficits neurológicos no follow-up de 1 ano. RM de coluna cervical com 3 meses pós-operatório mostrou obliteração parcial da siringe com posicionamento adequado do cateter do shunt siringo-subaracnóide.

Discussão: Siringomielia é uma patologia rara a qual diversos mecanismos podem estar envolvidos em sua gênese. Não há consenso sobre o melhor tratamento. Dentre as modalidades mais efetuadas têm-se descompressão do forame magno, aracnólise e shunts. O intuito dos shunts é direcionar o líquido cefalo-raquidiano acumulado na siringe para espaços de menor pressão (pleural, peritoneal ou subaracnóide) reduzindo o tamanho da siringe, consequentemente aliviando sintomas. O shunt siringo-subaracnóide (SSS) é considerado o menos invasivo e com menor morbidade. Autores recomendam que seja utilizado como terapia secundária quando há falha de outras modalidades que abordem a causa da siringomielia ou quando não há uma etiologia evidente e o paciente é sintomático. A recorrência dos sintomas é descrita variando de 7–33% dos pacientes, frequentemente por deslocamento do cateter, assim, recomenda-se que o cateter seja fixado com fio de nylon 8–0 à pia-máter, além de vigilância rigorosa nos primeiros 3 anos para avaliar o funcionamento do shunt.

Comentários finais: O SSS é uma técnica com resultados favoráveis descritos na literatura, com maior utilidade nos casos de siringomielia idiopática ou uma opção secundária quando outros métodos falharam e o paciente permanece sintomático.