Metástase intramedular de câncer de mama: relato de caso

Apresentação de caso: paciente do sexo feminino, 67 anos de idade, com diagnóstico prévio de CA mamário, procurou atendimento médico por paresia e hipoestesia nos membros inferiores há 1 semana, além de incontinência urinária e fecal há cerca de 3 semanas. Ao exame físico geral, não apresentava nada digno de nota. Contudo, ao exame neurológico, foi identificado força grau 3 em membros inferiores, de acordo com a Medical Council Research Modified (MRCm) e hipoestesia com nível sensitivo em T8, além de reflexos tendinosos profundos (RTP) diminuídos em membro inferior esquerdo (MIE) e abolidos em membro inferior direito (MID). Foi solicitada uma ressonância magnética (RM) de coluna, que identificou lesão tumoral intramedular infiltrativa em nível de T8–9. Indicamos tratamento cirúrgico e a paciente foi submetida a ressecção cirúrgica completa por técnica microcirúrgica. Teve boa evolução pós-operatória, porém não apresentou melhora mudança na força ou nível sensitivo. A paciente recebeu alta hospitalar no terceiro dia pós-operatório, sendo orientada a realizar acompanhamento fisioterápico. Em follow-up de 1 mês, a paciente manteve o mesmo déficit motor e sensitivo pré-operatório.

Discussão: o câncer de mama é uma neoplasia que comumente metastatiza para o sistema nervoso central. Seu local de instalação costuma ser o encéfalo, permanecendo a coluna um sítio pouco comum. No entanto, quando se instalam na coluna, a localização extradural é a mais comum, sendo que os compartimentos intradural-extramedular e intramedular são raramente acometidos por lesões secundárias. Apresentamos um caso de lesão intramedular de neoplasia mamária que se manifestou por paraparesia espástica e foi tratado cirurgicamente.

Comentários finais: a metástase mamária com implantação intramedular é um tumor raro que, comumente, cursa com comportamento agressivo e prognóstico obscuro. A literatura carece em critérios precisos que indiquem ou contraindiquem a realização de microcirurgia nesses casos. Isso torna a indicação cirúrgica, frequentemente, bastante dependente da opinião do cirurgião e do desejo da família. A recuperação dos déficits motores e sensitivos, bem como a redução da morbidade causada pela doença são os objetivos do tratamento cirúrgico, mas por vezes, os resultados são desapontadores.