CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672529
E-Poster – Spine
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Calcificação do ligamento longitudinal posterior torácico cursando com bexiga neurogênica e paresia de membros inferiores: relato de caso

Euler Nicolau Sauaia Filho
1   Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
,
Francisco Caubi Ferreira Filho
1   Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
,
Francisco Ramos Junior
1   Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
,
Rebecca Barros Soares
1   Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
,
Arthur Teles Viana
1   Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
,
Lucas Fernandes Ferreira
1   Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
,
Anderson Alexsander Rodrigues Teixeira
1   Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: A calcificação do ligamento longitudinal posterior (CLLP) foi inicialmente descrita por Tsukimoto em 1960. Desde então, grande parte dos relatos tem sido de achado incidental, mais comumente em coluna cervical. A calcificação pode gerar estenose de canal e, consequentemente, síndromes medulares. Embora possa estar associada a calcificação de outros ligamentos, a incidência de CLLP concomitante a calcificação de ligamento longitudinal anterior e de ligamento supraespinal é incomum.

Objetivo: Relatar um caso de CLLP sintomática com concomitante calcificação de ligamento longitudinal anterior e de ligamento supraespinal, assim como discutir o resultado da intervenção cirúrgica em tal caso.

Caso: Paciente do sexo feminino, 50 anos, apresenta-se ao serviço de emergência ginecológica devido à dor na região hipogástrica com irradiação para membro inferior esquerdo. Ultrassom abdominal prévio demonstrava imagem cística na bexiga com dilatação pielocalicial. Um cateter vesical foi inserido, causando drenagem da urina e redução da massa, gerando a suspeita de bexiga neurogênica. Ao exame neurológico, havia paresia bilateral em membros inferiores, reflexo cutâneo-plantar extensor unilateralmente e perda sensitiva com nível em T10. Uma Tomografia Computadorizada de coluna foi realizada e demonstrou calcificação do ligamento longitudinal posterior, sobretudo em T2–T4, além de redução do calibre do canal medular e calcificação concomitante do ligamento longitudinal anterior e do ligamento supraespinhal. Uma laminectomia extensa (C7–T5) foi realizada. Sete dias após a cirurgia a paciente recebeu alta, ainda estando alteração neurológicas presentes.

Discussão: A CLLP pode cursar com déficit neurológico significativo e representar um desafio diagnóstico. É importante ressaltar que a calcificação dos outros ligamentos em questão não cursa comumente com sintomas neurológicos. Embora seja aceito que o tratamento cirúrgico é a melhor opção em CLLP com mielopatia, não há consenso acerca da melhor abordagem, havendo vantagens e desvantagens tanto na abordagem anterior quanto na posterior. A abordagem cirúrgica, embora seja a terapêutica mais adequada para casos como o descrito, não acarretou completa remissão de sintomas no pós-operatório imediato.