CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672509
E-Poster – Spine
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Hematoma subdural espinhal após dissecção de artéria vertebral intracraniana: relato de um caso raro

André Salotto Rocha
1   Hospital de Base São José do Rio Preto
,
Felipe Oliveira Rodrigues Santos
1   Hospital de Base São José do Rio Preto
,
Linoel Curado Valsechi
1   Hospital de Base São José do Rio Preto
,
Raphael dos Santos Abílio
1   Hospital de Base São José do Rio Preto
,
Dionei Freitas de Moraes
1   Hospital de Base São José do Rio Preto
,
Tiago Andrade de Oliveira e Silva
1   Hospital de Base São José do Rio Preto
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação de caso: Paciente feminina 60 anos, renal crônica dialítica devido a rins policísticos e hipertensa de difícil controle, com quadro de cefaleia holocraniana refratária e confusão mental há 2 dias. Admitida na emergência com PA de 240 × 120 mmHg com intensa cefaleia e confusa. Ao exame neurológico apresentava-se vigil, desorientada em tempo e espaço, paraparesia assimétrica de membros inferiores (força motora grau 2 a direita e grau 3 a esquerda), hiperreflexia patelar, Babinsk bilateral e meningismo. Realizada angiotomografia de crânio com evidência de hemorragia subaracnoide Fisher III e sinais de dissecção de segmento V4 de artéria vertebral direita. Ressonância Magnética de coluna com sinais de hemorragia intradural extramedular se estendendo desde região cervical até lombar na porção ventral com hematoma determinando estenose de canal e compressão medular ao nível de T11, sem evidência de MAV espinhal. Paciente submetida à laminectomia descompressiva T11–T12, com abertura do saco dural e drenagem do hematoma subdural. Pós-operatório em leito UTI com piora do nível de consciência, necessário ventilação mecânica e em tratamento de infecção foco pulmonar.

Discussão: A dissecção da artéria vertebral em seu segmento intracraniano (V4) é um evento raro de acidente vascular encefálico hemorrágico. Os principais fatores de risco associados são hipertensão arterial e doença renal policística, vistos no presente caso. O hematoma subdural espinhal corresponde a apenas 4% dos hematomas espinhais e normalmente está associado a anormalidades da coagulação, trauma ou pós-punção lombar. Porém pode ocorrer, de forma atípica, secundário à hemorragia subaracnoide intracraniana com a migração e extensão do sangramento pela circulação liquórica no espaço subaracnoide e então sua ruptura para o espaço subdural devido à fragilidade da aracnoide a nível espinhal. O tratamento nos casos de déficit neurológico deve ser a imediata drenagem cirúrgica.

Conclusão: O hematoma subdural espinhal secundário à dissecção de artéria vertebral é uma rara entidade, existindo poucos relatos na literatura e na maioria das vezes apresentam evolução desfavorável.