CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672506
E-Poster – Spine
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Abscesso extradural espontâneo da coluna vertebral: relato de caso

Alyne Oliveira Correia
1   Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)
,
Ricardo Brandão Fonseca
1   Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)
,
Pedro de Holanda Primo Filho
1   Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)
,
Raysa Siqueira Vieira
1   Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)
,
Anajara Ferraz da Silva Vieira
1   Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)
,
Antônio Marcos Meneses de Oliveira
1   Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)
,
Marcos Tobias-Machado
2   Faculdade de Medicina do ABC (FMABC)
› Author Affiliations
Further Information

Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação de caso: Paciente com 18 anos de idade admitido com queixa de lombalgia repentina 2 semanas antes da admissão, sem irradiações. Nega fatores desencadeantes e agravantes. Três dias antes da admissão apresentou paraparesia, de forma súbita e anestesia em MMII. Negou febre, vômitos, diarreia, disúria e dispepsia. O paciente negou cirurgias, internamentos, hemotransfusões, HAS, DM, tabagismo, etilismo, cardiopatia, alergia, uso cotidiano de medicamentos, tuberculose, hanseníase, DSTs, drogas ilícitas, vida sexual ativa, vacinações recentes, tatuagens, viagem recente e banho de açude, rios e mar. Ao exame revelou GCS 15, força grau 5 MMSS e zero para MMII, hipotonia e reflexos abolidos para MMII, anestesia tátil-dolorosa com nível sensitivo assimétrico – T8 à esquerda e T6 à direita. Durante o internamento, realizou RNM da coluna torácica, evidenciando lesão expansiva extradural nos níveis de T6 a T10, com hipótese diagnóstica de abscesso vertebral. Após 3 dias, foi submetido à descompressão medular, com laminectomia de T6–T10 e drenagem de abscesso torácico. Fez uso de antibioticoterapia: ceftriaxona 4 g/dia (IV) e oxacilina 8 g/dia (IV), por 28 dias. Também foram realizados exames de USG abdominal, ecocardiograma e TC de tórax e exame físico, que não exibiram evidencias de lesões de pele ou cavidade oral, não mostrando uma etiologia possível para a lesão. Recebeu alta hospitalar, em GCS 15, sem dorsalgia, com paraplegia crural.

Discussão: O abscesso extradural da coluna vertebral (AECV) é raro (0,2 a 2 por 10.000 pacientes/ano), acometendo preferencialmente pessoas acima de 50 anos e do sexo masculino. A mortalidade varia de 7% a 31% dos casos. A localização mais comum é em região torácica. O presente estudo apresenta um paciente jovem do sexo masculino com abscesso da coluna torácica, sem causa etiológica identificável. As principais causas de AECV são DM, imunodeprimidos, uso de drogas ilícitas endovenosa, cirurgias na coluna vertebral, alcoolismo, insuficiência renal e trauma. Em cerca de 20% dos casos não é observado o fator predisponente, assim como no caso relatado.

Comentários finais: O paciente foi diagnosticado pelo exame físico minucioso e anamnese, seguido por RNM da coluna torácica, determinantes para o diagnóstico topográfico e descompressão cirúrgica com drenagem do abscesso e antibioticoterapia prolongada, evitando um desfecho desfavorável. Todavia, o paciente não teve reversão do quadro plégico crural inicial.