CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2008; 27(03): 90-95
DOI: 10.1055/s-0038-1625537
Artigos Originais
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Malformações arteriovenosas encefálicas: aspectos morfológicos, clínicos e operatórios: Revisão da literatura

Intracranial arteriovenous malformation. A literature review.
Marcio L. T. dos Santos
,
Zeferino Demartini Júnior
,
Antonio R. Spotti
,
Waldir A. Tognola
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Publication History

Publication Date:
11 January 2018 (online)

Resumo

É feita revisão da literatura sobre malformações arteriovenosas (MAV) encefálicas. MAV são anomalias morfológicas neurovasculares caracterizadas por comunicação direta entre artérias e veias, sem interposição do leito capilar, portanto sem resistência ao fluxo sanguíneo. Morfologicamente, MAV possuem três componentes distintos: aferências, nidus e eferências. As aferências incluem vasos originados de quaisquer artérias intra ou extracranianas que nutrem as MAV. O nidus corresponde a um enovelado complexo de artérias e veias anormais, unidas por uma ou mais fístulas além de calcificações e aneurismas intranidais. As eferências constituem as drenagens venosas, que podem ser superficial, profunda ou mista. Acidentes vasculares encefálicos (AVE) hemorrágicos são as manifestações mais comuns, ocorrendo em aproximadamente 50% dos casos. O tratamento de MAV pode ser microcirurgia, embolização endovascular, radiocirúrgico estereotáxico, conservador ou multidisciplinar. Ressecção cirúrgica completa de MAV é considerada a melhor opção de tratamento, eliminando risco de futura hemorragia. Apesar do desenvolvimento tecnológico na área de neurocirurgia endovascular nas últimas décadas, a fisiopatologia de MAV e sua história natural ainda não estão bem esclarecidas. O tratamento representa um grande desafio. Acreditamos que estudos sobre complexidade arquitetônica e hemodinâmica de MAV são necessários a fim de estabelecer fatores de risco e prognósticos, melhorando os resultados do tratamento.

Abstract

Intracranial arteriovenous malformations are morphological and neurovascular abnormalities characterized by direct communication between arteries and veins, that lack an intervening capillary bed, therefore without resistance to blood flow. Morphologically, they are constituted by three distinct components: feeding arteries, nidus, and draining veins. The feeding arteries are the intra or extracranial arteries to the malformation. The nidus corresponds to a tangle of abnormal arteries and veins connected by one or more fistulas besides calcifications and intranidal aneurysms. The venous drainage may be superficial, deep or mixed. Haemorrhagic cerebrovascular accidents are the most frequent presentations, occurring in approximately 50% of the cases. The treatment includes microsurgical excision, embolization, stereotactic radiosurgery, conservative or multimodality therapies. Total surgical resection of the lesion is considered the best option, eliminating the risk of future hemorrhage. Despite the technological development in the endovascular neurosurgery area in the last decades, the pathophysiology and natural history of intracranial arteriovenous malformation remain uncertain. The treatment represents a great challenge. Studies on architectural and hemodynamic complexity of these lesions are still necessary in order to establish risk factors and prognosis, improving treatment outcomes.

1Responsável pela Unidade de Neurocirurgia Endovascular do Hospital de Base de São José do Rio Preto, SP.


2Neurocirurgião da Unidade de Neurocirurgia Endovascular do Hospital de Base de São José do Rio Preto, SP.


3Chefe do Departamento de Ciências Neurológicas da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), São José do Rio Preto, SP.


4Professor livre-docente do Departamento de Ciências Neurológicas da FAMERP, São José do Rio Preto, SP.