CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2007; 26(04): 157-163
DOI: 10.1055/s-0038-1625521
Artigos Originais
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Alterações eletrocardiográficas em traumatismo craniencefálico grave na infância

Eletrocardiographic changes in severe head trauma in childhood
Carlos Umberto Pereira
,
Celso Luis Oliveira Junior
,
Egmond Alves Silva Santos
,
Ana Paula Sousa Santos
,
Luis André Silva Almeida
,
José Augusto Soares Barreto Filho
Further Information

Publication History

Publication Date:
11 January 2018 (online)

Resumo

Objetivo: Estudar as alterações eletrocardiográficas encontradas em crianças com traumatismo craniencefálico grave, pois há poucos registros na literatura mundial sobre o tema. Pouco se conhece acerca da incidência, causas, suscetibilidade e o tratamento destes pacientes. Pacientes e métodos: Foram estudados prospectivamente oito pacientes vítimas de traumatismo craniencefálico grave na infância. Na admissão, foram avaliados, quanto ao escore na escala de coma de Glasgow, exame neurológico, tomografia computadorizada craniana e exame eletrocardiográfico de 12 derivações. Resultados: A idade variou de 3 a 15 anos, com média de 10 anos. A causa mais comum do traumatismo craniano foi acidente automobilístico. O exame de tomografia computadorizada demonstrou: edema cerebral difuso (4 casos), hemorragia subaracnóidea traumática (2 casos), contusão em lobo temporal (1 caso) e hemorragia intraventricular (1 caso). Eletrocardiograma na admissão não revelou presença de alterações isquêmicas. A freqüência cardíaca esteve elevada em cinco casos, com taquicardia supraventricular em um paciente e ritmo sinusal nos demais. A pressão arterial foi normal em sete casos e houve hipotensão arterial em um paciente. O tratamento conservador foi realizado em sete casos. Sete pacientes evoluíram com déficits neurológicos leves ou moderados e houve um óbito. Conclusão: Existe divergência da incidência de alterações eletrocardiográficas em pacientes pediátricos vítimas de traumatismo craniencefálico grave. Na presente casuística não foram observadas alterações significantes. Desta forma, estudos mais aprofundados e duradouros merecem ser desenvolvidos sobre o assunto, para se determinar a conduta adequada nestes casos.

Abstract

Objective: To study the electrocardiographic changes in severe head trauma in childhood which have been rarely described in the international literature. The incidence, physiopathology, susceptibility and the treatment are not very well established yet. Patients and methods: Eight pediatric patients with severe head trauma were studied prospectively. On admission, they were subjected to neurological examination, computer tomography (CT) of brain, 12 lead electrocardiogram and evaluation by Glasgow Coma Score. Results: The age ranged from three to fifteen year (mean = 10). The main cause of head trauma was automobile accident. CT of brain showed: diffuse cerebral edema (4 cases), traumatic subarachnoid hemorrhage (2 cases), temporal lobe contusion (1 case) and intraventricular hemorrhage (1 case). On admission, the electrocardiogram did not show any changes suggestive of myocardial ischemia. The heart rate was high in five cases, with supraventricular tachycardia in one case and sinus tachycardia in the others. The systemic arterial pressure was normal in seven cases and low in one case. The conservative treatment was carried through in seven cases. Seven patients developed mild or moderate neurological deficits and one patient died. Conclusion: There are still divergences about incidence of electrocardiographic changes in severe head trauma in pediatric patients. In the present series, significant alterations had not been observed. In such a way, more studies on the subject are necessary, to determine the management of these cases.

1Professor adjunto doutor da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Neurocirurgião do Hospital Governador João Alves Filho. Aracaju, SE.


2Doutorando em Medicina da UFS. São Cristóvão, SE.


3Residente do Serviço de Neurocirurgia do Conjunto Hospitalar do Mandaqui. São Paulo, SP.


4Médica cardiologista do Serviço de Cardiologia do Hospital de Cirurgia. Aracaju, SE


5Professor adjunto doutor da UFS. Cardiologista do Hospital São Lucas. Aracaju, SE.